Ratinho diz que pecuária paranaense precisa ser autossustentável

Para o governador, a declaração de território livre de febre aftosa sem vacinação não é “luxo”, mas exigência do mercado

FOLHA DE LONDRINA (PR) | ECONOMIA | 12/04/2019
THIAGO MOSSINI - GRUPO FOLHA
A decisão de pedir a declaração do Paraná como território livre de febre aftosa sem vacinação pode até não ser imediata, mas é inevitável, não “por luxo”, mas por exigência do mercado. A pecuária paranaense tem de ser autossustentável. Esse foi o recado do governador Ratinho Júnior aos produtores na ExpoLondrina.
Pressionado por produtores locais, que são contra a certificação, ele disse que, “como governador”, não pode “olhar” para apenas um setor. “Não posso olhar só para a árvore, mas para a floresta. Nosso foco é transformar o Paraná no maior protagonista mundial de produção de alimento”, declarou. Ratinho Junior participou de uma entrevista coletiva, junto com secretários, na sede da SRP (Sociedade Rural do Paraná), na manhã desta quinta-feira (11).
Quando obtiver o status de território livre de aftosa sem vacinação, o Paraná terá suas divisas fechadas para o trânsito de animais de outros estados. Pecuaristas locais são contra porque trazem bezerros de fora para engorda. “Vamos tentar achar uma saída para que não haja prejuízo para ninguém, mas em algum momento o Paraná vai ser livre da doença sem vacina. O mundo nos cobra isso.”
O governador defendeu que a pecuária se organize e tenha um planejamento. “Aí podemos sentar no Ministério da Agricultura e ver uma linha de crédito para que possamos aumentar nosso rebanho com melhorando genético para não dependermos de outros estados.”
Ratinho Júnior ressaltou que a suinocultura e a avicultura paranaenses geram mais empregos que a pecuária. E que o estado deve se beneficiar de uma maior demanda da China por esses produtos. “A China vai precisar de 5 milhões de toneladas de carne suína nos próximos meses. O Brasil inteiro produz 3,5 milhões. Então é um nicho de mercado que vai crescer muito e o Paraná pode se beneficiar dessa demanda”, alertou.
IAPAR
Tanto o governador como o secretário Norberto Ortigara (Agricultura) tentaram minimizar o impacto do projeto de reunir numa mesma instituição as autarquias Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecologia), além da empresa de economia mista Codapar (Companhia de Desenvolvimento do Paraná). Toda diretoria do Iapar fica em Londrina e, com a mudança, pelo menos parte dela deve ir para Curitiba.
“Para mim não importa onde vai ficar o presidente, pode ser até em Londrina”, disse o governador. A proposta que Ortigara apresentou na quarta-feira na ExpoLondrina prevê que duas diretorias permaneçam na cidade, a de Pesquisa e a de Administração. “O sentido da mudança é sermos mais racionais, fundindo todos os órgãos envolvidos na nossa agricultura”, contou o secretário.
Com a fusão, o governo pretende economizar 41% em cargos em comissão e 30% em gestão. “Eventualmente vamos passar por uma revisão das estações de pesquisa, que hoje são 19. Algumas já deram sua contribuição”, alegou Ortigara. “O ponto principal não é economia mas entregarmos mais para a sociedade”, contemporizou. “Enxugar o número de diretorias não quer dizer que vai diminuir o número de cientistas”, disse o governador.
A proposta precisa de aprovação legislativa.
SEVIRDORES
Durante a entrevista, Ratinho também deixou claro que não haverá reajuste para servidores neste ano. “O Paraná está no limite prudencial de gastos com pessoal. Isso foi atestado pelo Tribunal de Contas e a Secretaria do Tesouro Nacional. Estamos com luz amarela em investimento em folha de pagamento. Se o Paraná passar esse limite, ficaremos negativados”, afirmou.
A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece como limite prudencial 54% da receita gasta com servidores. “Ficar negativado perante o Banco Central significa que perderemos os convênios com o governo federal e toda possibilidade de fazer empréstimo”, declarou.
Ele disse que tem conversado com sindicatos e que “boa parte” deles entende a situação fiscal do Estado. “Sei que os servidores já tem feito um sacrifício ao longo de três anos (sem reajustes), mas não posso colocar em risco a saúde fiscal do Estado.”
SERCOMTEL
Para que a Copel ajude no fluxo de caixa da Sercomtel, é preciso que a Câmara Municipal de Londrina aprove o projeto de privatização da empresa enviado à Casa pelo prefeito Marcelo Belinati esta semana. “Se isso acontecer, é possível que a Copel faça algum tipo de reunião para tentar amenizar o problema. Mas sem o compromisso da Câmara de que a Sercomtel será vendida, é muito difícil”, disse o governador.
A Copel tem 45% das ações da operadora telefônica de Londrina, que vive grave crise financeira e deverá enfrentar problemas de caixa nos próximos meses.
“Esse mercado de telecomunicação é muito agressivo. As multinacionais têm bilhões para investir e velocidade para atuar, coisas que uma empresa pública não tem”, disse.
Ele defendeu que a empresa continue se dedicando à iluminação pública e ao call center. O projeto de lei do Executivo poupa da privatização as subsidiárias Sercomtel Iluminação e Contact Center.

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