Whatsapp é novo alvo dos golpistas

TRIBUNA DO NORTE (PR) (PR) | NOTÍCIAS | 01/02/2020
Uma nova modalidade de golpe está fazendo várias vítimas em Apucarana e região. Criminosos invadem a conta do Whatsapp dos alvos e passam a extorquir dinheiro dos contatos. No início da semana um vice-prefeito de um município do Vale do Ivaí foi alvo da quadrilha. O político, que pediu para não ter o nome divulgado, percebeu o crime rapidamente e conseguiu evitar que alguém depositasse dinheiro na conta dos bandidos. O chamado golpe do Whatsapp preocupa a Polícia Civil e já corresponde a metade das ocorrências da Nuciber, núcleo especializado em crimes cibernéticos.
O política conta que os criminosos conseguiram seu número em um site onde anunciou a venda de uma propriedade. No mesmo dia, recebeu uma ligação de um homem se passando por atendente do site de vendas, que fez uma proposta para ampliar o anúncio. O vice-prefeito não imaginava que o objetivo do criminoso era obter o código de verificação para invadir sua conta do WhatsApp. Com número validado,  o golpista tentou atingir os contatos da vítima, com pedidos de transferência de dinheiro para necessidades urgentes. 
“Recebi uma ligação e ele me iludiu e pediu para eu mandar um código, foi tudo muito rápido. Eles pediram dinheiro para vários contatos, mas ninguém depositou porque sou muito conhecido na cidade e nunca liguei para pedir dinheiro”, conta. 
O mesmo caso aconteceu com a administradora de Apucarana, Jéssica Ribeiro da Silva, de 30 anos. Criminosos conseguiram seus dados por meio do mesmo site de compra e venda. A administradora diz que recebeu a ligação de uma pessoa se passando por atendente do site, que propôs a ampliação do anúncio e pediu para ela passar um código enviado por SMS. “Eu estava muito distraída. Tenho duas crianças e estava na correria quando me ligaram. Acabei passando o código. Depois disso meu Whatsapp travou e não consegui mais entrar”, relata. 
Jéssica conta que percebeu imediatamente que havia sofrido um golpe e publicou o ocorrido em suas redes sociais. “Eles já estavam pedindo dinheiro para os meus contatos e uma amiga minha estava prestes a depositar R$ 2 mil na conta dos bandidos. Sorte que ela viu meu aviso no Instagram”, comenta. 
Após registrar boletim de ocorrência, Jéssica descobriu que a conta repassada pelos criminosos para o depósito de dinheiro era do Ceará. “É uma quadrilha que deve ter muitos laranjas”, observa.  
Centenas de vítimas todos os meses
Delegado do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) José Barreto de Macedo Junior, afirma que este golpe tem atingido todos os tipos de pessoas e que geralmente os criminosos pedem valores até R$ 2 mil para cada contato para não levantar suspeitas. Segundo ele, os golpistas utilizam diversos tipos de abordagem para conseguir o código do Whatsapp dos usuários. 
“Os criminosos também entram em contato se passando por donos de restaurantes, ou outros estabelecimentos gastronômicos, informando que a vítima foi sorteada e ganhou um rodízio e para retirar o prêmio precisa fazer um cadastro. A pessoa acaba envolvida na história e informa os dados”, informa o delegado. 
De acordo com ele, em apenas um mês a frente da delegacia já foram registrados 300 boletins de ocorrência somente na região de Curitiba. O golpe já corresponde a metade das denúncias que chegam à delegacia. “É um boom de golpes que estão sendo aplicados e as pessoas estão caindo. Por isso é sempre importante desconfiar”, alerta. 
O delegado orienta que a melhor forma de prevenção é utilizar a verificação de duas etapas, disponível no WhatsApp. Para ativar basta acessar configurações/ajustes, conta e confirmação em duas etapas. 
COMO AGIR
Advogado Luiz Augusto D’urso, especialista em cibercrimes e presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim) orienta a vítima a tentar retomar imediatamente o acesso no próprio aplicativo. Se acaso não conseguir, envie um e-mail para support@whatsapp.com e coloque como assunto: account hacked +55 (DDD) número do celular.
“No corpo do e-mail, explique que teve a conta invadida e que o criminoso está pedindo dinheiro em seu nome, se for o caso”, explica. 
Também solicite ao suporte do aplicativo o bloqueio do acesso do criminoso e a devolução de seu acesso. O texto do e-mail deve estar em português e inglês. “E registre um boletim de ocorrência na Polícia Civil”, orienta. 
Bancária também teve celular invadido
A bancária Danieli Wauters, 34 anos, também foi alvo da quadrilha. “Estava trabalhando e, de repente, um amigo que trabalhou na minha agência me abordou normalmente, como se fosse ele mesmo e pediu um favor. O celular dele já estava clonado”, conta. 
Segundo Danieli, ele pediu para informar o código que havia enviado a ela por SMS porque o aparelho dele estava com problemas. “Então veio um código no meu celular e passei o código para ele. Foi quando meu whatsApp travou”, relata. 
Após invadir a conta de Danieli, o bandido passou a pedir dinheiro emprestado aos amigos dela. A bancária disse que conseguiu bloquear o aplicativo no mesmo dia e que ninguém foi lesado. “Estou mais cautelosa depois disso. Quando o meu amigo me pediu o favor tinha foto dele e tudo, foi imperceptível”, afirma. 


>> Link Original

#63461478