Brasil fica em penúltimo lugar em ranking de competitividade

Ranking divulgado nesta quarta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), coloca o país na 17ª colocação entre 18 avaliados, à frente apenas da Argentina

FOLHA DE LONDRINA (PR) | ECONOMIA | 30/07/2020
Nos últimos dois anos, o Brasil reduziu a burocracia com o intuito de incentivar a abertura de empresas, mas a alta taxa de juros real de curto prazo e o maior spread da taxa de juro seguraram o avanço do país em competitividade. É o que demonstra o ranking Competitividade Brasil 2019-2020, divulgado nesta quarta-feira (29) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que coloca o país na 17ª colocação entre 18 avaliados, à frente apenas daArgentina. Coreia do Sul, Canadá, Austrália, China, Espanha e Tailândia, nesta ordem, são os melhores colocados. O Brasil não está entre os seis que ocupam as melhores posições em nenhum dos nove fatores determinantes da competitividade avaliados. Em seis dos nove fatores, o Brasil está no terço inferior do ranking. A situação é mais crítica no fator Financiamento, um reflexo dos custos elevados. O Brasil apresenta a mais alta taxa de juros real a curto prazo (8,8%) e o maior spread da taxa de juro (32,2%). A segunda maior taxa de juros, a russa, é de 5,2%, 68% inferior à taxa brasileira. O segundo maior spread, no Peru, é quase três vezes menor, de 11,9%, comparou o ranking. O estudo também acende um sinal de alerta no fator Tributação. Nesse quesito, o Brasil ocupa a penúltima colocação das 18existentes. O país tem o segundo maior peso dos tributos e o sistema tributário de mais baixa qualidade. A carga tributária no Brasil corresponde a quase um terço do PIB (32,3%) e a 65,1% do lucro das empresas, quase a mesma de países cuja renda per capita é cerca de duas vezes superior à brasileira, como Espanha (33,7%) e Polônia (33,9%). Em ambiente macroeconômico e ambiente de negócios, o Brasil estána antepenúltima posição, o que prejudica o aumento dos investimentos, avaliou a CNI. A dificuldade de captar investimentos se deve, principalmente, à falta de equilíbrio fiscal, da falta de segurança jurídica e do excesso de burocracia. A dívida bruta do governo representa 88% do PIB nacional e a despesa com juros nominais representam 5,6% do PIB - a terceiramaior dívida e amaior despesa com juros do ranking. A situação é preocupante também na questão da infraestrutura e logística e educação. Em todos os modais de transporte avaliados (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo), o Brasil situa-se no terço inferior do ranking. Em infraestrutura de energia, o brasil apresenta o maior custo de energia elétrica para clientes industriais (US$ 0,17 por Kwh) e a segunda pior qualidade no fornecimento de energia elétrica, com perdas de cerca de16,1% do total gerado. Na educação, o estudo mostra que o volume de gastos é inversamente proporcional aos resultados alcançados. PARANÁ Para Evânio Felippe, economista da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), a pesquisa da CNI mostra o “calcanhar de Aquiles” da economia brasileira e também do Paraná. Em sondagem realizada pela entidade no ano passado, a dificuldade de acesso a capital e o alto custo relacionado já foram apontados como um grande entrave pelos empresários paranaenses. Dos entrevistados, 78% disseram que a principal fonte de recursos utilizada para investimento foram recursos próprios. “Isso já confirma o resultado da pesquisa da CNI que o capital no Brasil é muito caro e burocrático.” Na pandemia, empresários se queixam das dificuldades de acesso a crédito devido às exigências impostas para acessar o recurso, acrescenta Felippe. “Sem contar queémuito caro. Temos as taxas de juros mais caras. Isso para a estrutura industrial do Estado, queéformado por 96% de micro e pequenas empresas, a dificuldade de acesso a recursos é muito grande. Micro e pequenas têm menos fôlego para acessar recursos.” A alta carga tributária também já foi apontada pelos industriais paranaenses como o principal entrave para enfrentar a concorrência no mercado estadual (57%) e nacional (76%). “Temos uma estrutura tributária muito complexa e onerosa. O modelo de tributação da atividade econômica penalizaosetor produtivo. Todos os elos de produção acabam pagando imposto. Isso nos deixa em posição de desvantagem caso o empresário queira concorrer em nível internacional”, comenta o economista da Fiep

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