BRUNA BANDEIRA DA LUZ
? Até ontem (26), o
Estado do
Paraná tinha um total de 578 pacientes com Codiv-19 a espera de um leito hospitalar de UTI ou de enfermaria. Na quinta-feira (25) este número era de 441 pacientes, sendo que 150 aguardavam por leito de UTI e 291 por leito de enfermaria. “De ontem para hoje, essa fi la de espera cresceu 31%. São 164 pessoas aguardando leito de UTI. Eles serão internados sim, haverá óbitos que liberarão leitos. Mas nem todos conseguirão ser internados hoje”, detalhou Vinícius Filipak, diretor de Gestão em
Saúde na Secretaria de
Saúde do
Paraná, durante coletiva de imprensa concedida nesta sexta-feira (26). Segundo ele, historicamente 92% dos pacientes da fi la de espera eram internados em menos de 24h. Nas últimas semanas, no entanto, este percentual caiu para 88%. Isso signifi ca de 12% dos pacientes clicados não conseguirão internamento em até 24h, o que pode resultar em agravamento do quadro de saúde. Além da crescente demanda por internamento, o tempo de internamento e o número de óbitos também se agravou no estado. “Tivemos uma piora progressiva e dramática no número de leitos disponíveis nos últimos 15 dias, sobretudo nos últimos 7 dias. Estamos avaliando estes dados todos os dias, no sentido de entender se é um pico que se atenua, mas não houve isso. Do dia 10 até hoje, estamos com um aumento na necessidade de leitos para internação na casa dos 1.000% todas as manhãs”, completou o secretário estadual de
Saúde,
Beto Preto. Diante do colapso iminente, o
governador Ratinho Junior anunciou ontem, durante a coletiva, medidas restritivas mais rígidas, com o objetivo de tentar frear o nível de contágio. “Minha decisão de fazer com que a gente possa ter uma restrição maior é para que nesses próximos dias, a gente consiga segurar a velocidade desse vírus. Para que nosso sistema consiga suportar e oferecer um atendimento de qualidade para os paranaenses. Mesmo que nós continuemos a fazer novos leitos de UTI, mais leitos de enfermaria, hoje temos escassez de profissionais da saúde”, destacou. As medidas anunciadas começaram às 24h deste sábado, e segue até às 5h do dia 8 de março, podendo ser prorrogado de acordo com o cenário sanitário. “Não vamos admitir desrespeito com encontros clandestinos, festas que possam estar acontecendo. Vamos impor multa e prisão, seremos extremamente rígidos”, destacou
Ratinho. As medidas O decreto 6983/2021 publicado nesta sexta-feira determina: a suspensão do funcionamento dos serviços e atividades não essenciais; restrição de circulação em espaços e vias públicas das 20h às 5h (com exceção de serviços e atividades essenciais); além da proibição de comercialização e consumo de bebidas alcoólicas em espaços de uso público ou coletivo das 20h às 5h. O
Governo do Estado também suspendeu as aulas presenciais na rede pública e privada de ensino do estado; estabeleceu adequação do expediente dos trabalhadores aos horários de proibição provisória de circulação defi nidos pelo decreto; limitou as atividades religiosas a atendimentos individuais, cultos presenciais com até 15% da capacidade ou culto online; e adotou o regime de teletrabalho nos órgãos do estado; e suspendeu as cirurgias eletivas por 30 dias para unidades públicas e privadas; determinou a priorização pela substituição do regime de trabalho presencial para teletrabalho, quando possível. Estão permitidos serviços de delivery, drive-thru e take Away (retirada em balcão). Na tarde de ontem, os
prefeitos dos municípios que compõem a AMOP (Associação dos Municípios do Oeste do
Paraná) se reuniram para deliberar sobre a adesão ao decreto do
governador. O tema foi deliberado em duas votações. A primeira diz respeito à decisão dos municípios da Amop em seguir as deliberações do colegiado de
prefeitos, vencida por 25 votos a 2. A segunda votação: vencida por 14 votos a 13, orienta os municípios a seguirem na íntegra o decreto estadual, ressalvando decisões individualizadas, diante da autonomia jurídica dos municípios como entes da Federação. De acordo com Paranhos, presidente da Amop, existem muitas diferenças na realidade dos municípios e peculiaridades microrregionais. “As cidades grandes vivenciam uma realidade, e, as menores, outras. Porém, os problemas convergem”, disse o presidente da Amop. “Cascavel, por exemplo, fará adaptações no decreto estadual, conforme entendimento das autoridades de saúde e do COE”, disse. De acordo com o
prefeito de Santa Tereza do Oeste e primeiro vice-presidente da Amop, Élio Marciniak, as pequenas cidades dependem das grandes, e, diante disso, qualquer decisão de uma cidade de maior porte infl uencia nas menores. “Nós já emitimos um decreto, mas vamos seguir o que Cascavel sugerir”, disse. Já o
prefeito de Toledo e segundo vice-presidente da Amop, Beto Lunitti, afirmou que, ainda que sua opinião seja contrária, a união de
prefeitos é o que fortalece a Amop. “Fui voto vencido, mas seguirei o caminho da maioria”, disse. A ideia de Lunitti, inicialmente, era fl exibilizar a abertura do comércio, principal segmento penalizado pelo fechamento das atividades econômicas. No fi m da tarde de ontem (26) o município de Cascavel publicou uma Instrução Normativa, apontando, entre outras coisas, que o atendimento ao público fi ca restrito a 10 pessoas por vez; implantação do teletrabalho; concessão de compensação de banco de horas, licenças férias; teletrabalho ou afastamento dos servidores do grupo de risco. Reação Em nota, a Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) afi rmou que não concorda “com o teor do novo decreto publicado no dia de hoje e estamos convictos que as medidas poderiam ter sido pensadas no coletivo e não discriminando parte do setor produtivo, o que nos causa revolta e desânimo. Nossas empresas não podem novamente ser impactadas pela irresponsabilidade de parte da população, que segue ignorando as medidas de prevenção”. A associação defende que o setor produtivo segue com rigor e atenção a todas as medidas sanitárias pedidas e orientadas e que “já foi provado com números e dados que não é dentro dos estabelecimentos empresariais que se tem a maior transmissibilidade do vírus”. Segundo a entidade, este novo lockdown acarretará mais empresas encerrando suas atividades e empregos sendo perdidos. “Em nosso entendimento há outros caminhos que podem ser adotados, evitando assim falências em uma economia já fortemente penalizada e fragilizada. Entre as medidas possíveis estão evitar a todo custo aglomerações irresponsáveis que acontecem em todo o
Estado, que desafi am as autoridades e colocam a todos em risco. O aumento das fi scalizações é necessário e urgente”, destacou. Já a Amic (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do
Paraná), afirmou por meio de nota que “é essencial o respeito às medidas restritivas anunciadas pelo
Governo do Estado do
Paraná, diante do gravíssimo contexto da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19). Os dados apresentados pelas autoridades sanitárias estaduais, nesta manhã, em Curitiba, causam extrema preocupação, que deve ser traduzida em cuidados efetivos por parte de toda a Sociedade. Quanto maior o espírito colaborativo, acreditamos que mais rápida pode ser a superação desse momento agravado”. O presidente da Apras (Associação Paranaense de Supermercados), Carlos Beal, disse nesta sexta-feira (26) que a entidade apoia a decisão do
Governo do Estado sobre o novo decreto que determina medidas restritivas de caráter obrigatório, visando o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da Covid-19. “Estamos solidários ao
Governo do Estado e nos comprometemos a manter e ampliar ainda mais as medidas de prevenção contra a Covid-19 já adotadas pelo setor desde o início da pandemia”, afi rmou. O funcionamento dos supermercados é considerado essencial, mas também deve seguir regras quanto ao horário de atendimento e aplicação de medidas preventivas de segurança, como oferta de álcool gel ao público.
O pior dos cenários
“Desde o início da pandemia, fi - zemos a opção de trabalhar de forma muito clara e trabalhar com a verdade que muitas vezes dói. Preferimos trabalhar com a verdade que dói, que com a mentira que conforta. Estamos no pior momento desse um ano de enfrentamento da pandemia. Fizemos planejamento estratégico em abrir novos hospitais, potencializar hospitais filantrópicos, dobramos o número de leitos de UTI que existiam há 30 anos no
Estado do
Paraná. Esta dobra de leitos de UTI aconteceu em um prazo de quatro, cinco meses, através da equipe da Secretaria de
Saúde. O
Paraná foi nesse um ano referência em compra de equipamentos de qualidade e com preço justo. Não deixamos faltar EPIs, medicamentos. No entanto, esta nova cepa fez com que a infecção tomasse uma velocidade além da normalidade que estava sendo planejada”, comentou o
governador. De acordo com dados apresentados por Filipak, o cenário atual de ocupação dos leitos superou a mais pessimista das previsões da Secretaria de
Saúde.