São Paulo - O
vereador de Curitiba Renato Freitas (PT) não profanou o espaço da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos na capital paranaense, afirmou o padre Júlio Lancellotti. Em audiência virtual promovida na tarde de hoje (4), o pároco afirmou que “a vida humana é o espaço sagrado”.
Em 5 de fevereiro, Renato participou de manifestação contra o assassinato do congolês Moïse Kabagambe e o racismo. Uma semana depois, a Câmara de Curitiba já havia admitido quatro representações contra o parlamentar petista, por meio dos
vereadores
Eder Borges (PSD),
Pier Petruzziello (sem partido), Pastor Marciano Alves e Osias Moraes, ambos do Republicanos, além dos advogados Lincoln Machado Domingues, Matheus Miranda Guérios e Rodrigo Jacob Cavagnari.
Um padre daquela igreja considerou que a missa que celebrava foi interrompida pela entrada dos manifestantes no templo. A Arquidiocese de Curitiba repudiou a manifestação, entendendo que houve “agressividades e ofensas”. E que a ação caracterizou profanação injuriosa, e a “lei e a livre cidadania foram agredidas”. Contudo, admitiu que, apesar do protesto, nenhum objeto da igreja foi danificado. Mesmo assim, foi registrado boletim de ocorrência no 3º Distrito Policial de Curitiba. O documento foi incluído no processo parlamentar contra Renato Freitas.
“O sagrado é a pessoa. Deus habita em nós. Não houve profanação desse espaço simbólico (a Igreja). A profanação houve com a morte de tantos jovens negros, no genocídio da juventude negra, de mulheres trans, assassinato contínuo de mulheres e crianças que estão pelas ruas e têm fome. Essa é a grande profanação. Como dizia Santo Irineu, essa é a glória de Deus: que as pessoas vivam”, disse o coordenador da pastoral do Povo de Rua da cidade de São Paulo.
Dirigindo-se a assessores de
vereadores do legislativo da capital paranaense, Lancellotti foi mais objetivo. “Ficou claro é que vocês (Renato e os demais manifestantes) não contestaram a fé dos que estavam dentro da igreja. Não tocaram em nenhum objeto considerado sagrado dentro da igreja, não contestaram nenhum momento celebrativo, não interferiram em nenhuma celebração. A profanação tem de ter autoria e materialidade. Não há o fato e nem a autoria. Não foi abreviado o culto. Nós temos de abreviar a fome. Não podemos usar nada irrelevante, falso, fabricado por ódio, racismo, amor à mentira. Isso é inaceitável.”
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