Coluna do Broadcast Agro

O ESTADO DE SÃO PAULO (SP) | COLUNAS | 14/11/2022
Com exportação de carne em alta, Frísia investe em gado de corte e em ILPF
A cooperativa paranaense Frísia, especializada em pecuária leiteira, passou a investir em setembro também em gado de corte, aproveitando o bom momento do setor, especialmente para a exportação de carne. Jefferson Pagno, gerente de Negócio Bovino, projeta para 2023 faturamento de até R$ 8 milhões com a nova atividade e um rebanho total de pelo menos 50 mil bovinos, entre cria, recria e engorda. As boiadas estão sendo criadas em parceria com cooperados no Tocantins - com produção de bezerros e gado criado em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) - e no Paraná, com animais alimentados a pasto e também com grãos, em confinamento. Até agora, parte dos cooperados no Norte e no Sul aderiu à iniciativa
Solo ocupado o ano todo O foco na ILPF no Tocantins não é por acaso, diz Pagno, pois a estação seca limita a manutenção de animais no pasto. Já o sistema integrado com agricultura e floresta, em 10 mil hectares, de 32 mil, permite conservar e aproveitar melhor o solo, além de garantir renda extra.
Aprimorar o que começou bem Para 2023, a Frísia quer focar no aumento da eficiência da pecuária de corte tanto no Tocantins quanto no Paraná, para só depois pensar em ampliar o projeto para outras regiões, antecipa Pagno. Em faturamento total, a cooperativa espera crescer 15% neste ano, após fechar 2021 com R$ 5,202 bilhões, 40,1% acima de 2020.
PROMISSOR. O Ybirá, projeto da Ecosecurities que vai restaurar áreas degradadas no Brasil e gerar créditos de carbono pela captura do gás pelas árvores, foi bem recebido por investidores na COP27, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Mariama Vendramini, diretora da empresa no Brasil que voltou do evento no Egito, diz que a iniciativa despertou interesse por gerar crédito de remoção de CO2 - há também os créditos de redução. "Quem tem meta net zero (compensar todas as emissões) valoriza crédito de remoção."
GANHA-GANHA. O Ybirá quer restaurar 56 mil hectares, até 2030, em propriedades rurais, assentamentos e outras áreas em Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Com o crescimento das florestas, serão retirados 15 milhões de toneladas de carbono da atmosfera em 30 anos. Para o trabalho, a Ecosecurities, pioneira no mundo em projetos de crédito de carbono, deve captar R$ 1,5 bilhão. "Investir agora é uma forma de comprar créditos mais baratos", explica Mariama, referindo-se à demanda futura
SINAL VERMELHO. O setor produtivo está preocupado com a antecipação, por 14 gigantes do agronegócio, da meta de eliminar o desmatamento em suas cadeias de gado, soja e palma de 2030 para 2025, compromisso assumido na COP27. "Quais serão os impactos e como as empresas executarão essa meta ambiciosa?", indaga Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global. Segundo ele, o maior desafio será avançar no rastreamento dos fornecedores indiretos. "Na pecuária, a maioria dos bezerros que estão nascendo hoje será abatida em 2025 e ainda não é mapeada", pondera
CAUTELA. Jank avalia que o cumprimento da meta exigirá das companhias mais adoção de tecnologia para rastrear fornecedores indiretos e cooperação na cadeia - cooperativas, cerealistas e criadores de boi magro. Outro ponto diz respeito ao Código Florestal, que permite supressão de áreas conforme o bioma. "Mesmo que o desmatamento seja legal, o produtor não poderá vender para essas indústrias."
CÁ OU LÁ. O futuro governo ainda não definiu se o seu ministro da Agricultura terá perfil político ou técnico. "Por técnico, entende-se um perfil como o do ex-ministro Roberto Rodrigues (gestão Lula 2003-2006), mas há dificuldade de encontrar nome aliado que seja técnico e reconhecido pelo setor", diz uma fonte que acompanha as tratativas. De perfil político, cogita-se algum parlamentar com trânsito na bancada ruralista.
GIRO
Diálogo com China pode evitar restrição ambiental O Brasil tem de mostrar à China que produz de forma sustentável, diz Larissa Waccholz, sócia-diretora da Vallya Agro. Segurança alimentar é prioridade para os chineses, diz, mas o país pode ser influenciado pela Europa, que discute restringir produtos brasileiros ligados ao desmatamento. Diálogo proativo é necessário, afirma.
VEM AÍ
Misturas B14 e B15 estão na mira do setor de biodiesel Integrantes do mercado de biodiesel esperam definições sobre a mistura obrigatória para 2023 na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no domingo (20). É aguardado porcentual de 14% (B14) até fevereiro e 15% (B15) a partir de março. O tema se tornou um entrave desde que o governo fixou o mix em 10% para 2022.

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