Economistas preveem desaceleração da economia brasileira em 2025

INDÚSTRIA E COMÉRCIO ONLINE (PR) | GERAL | 16/12/2024
A elevação da taxa de juros deve frear o crescimento econômico do Brasil em 2025, afetando consumo das famílias e investimentos empresariais, de acordo com economistas dos principais setores econômicos do Paraná que participaram do evento promovido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), o tradicional debate econômico de final de ano - Discutindo Economia: Perspectivas da Economia para 2025. Durante o evento, os economistas apontaram tendências e os desafios para o próximo ano nos principais setores, como Indústria, Comércio, Serviços, Agronegócio e Emprego, além de analisar o cenário nacional e internacional. O debate foi mediado pela vice-presidente do CoreconPR, Andrea Cristhine Prodohl Kovalczuk, e contou com a participação de economistas representantes de instituições renomadas, como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), a AMEP e o CORECONPR.
DESTAQUE DO AGRONEGÓCIO
De acordo com o economista da FAEP, Luiz Eliezer Ferreira, de janeiro a outubro, o agronegócio representou em torno de 80% das exportações do Paraná. Dos US$ 20,04 bilhões comercializados, US$ 15,85 bilhões foram provenientes da agricultura e pecuária. Os principais produtos exportados foram o complexo da soja (42,52%), carnes (24,37%), produtos florestais (14,55%), complexo sucroenergético (R$ 7,61%), milho (2,74%) e café (2,20%). Entre os produtos, destaca-se o aumento na exportação do café em 23,30%. A queda na exportação é observada na soja, em virtude do aumento da produção deste grão na China e Estados Unidos, com queda de 7,61%. O economista da FAEP destaca que um dos grandes entraves do crescimento no agronegócio paranaense são as questões climáticas adversas, que atrapalham o desenvolvimento da lavoura e até prejudicam a produção. Inclusive, o economista menciona que as chuvas fortes dos últimos dias já estão afetando o crescimento da soja.
DESEMPENHO DA INDÚSTRIA
Na indústria, de acordo com o economista da FIEP, Evânio Felippe, a produção industrial teve um crescimento de 3,3% até setembro deste ano. De um total de 13 atividades produtivas, 10 estão performando de forma positiva enquanto 3 têm apresentado um desempenho menos dinâmico. Na geração de empregos, até outubro o saldo total de novas vagas criadas na indústria cresceu 136% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com exceção de eletricidade e gás que no ano o estoque de trabalhadores está caindo, nos demais grandes setores industriais - água e esgoto, transformação, extrativo e construção - o estoque tem apresentado uma trajetória positiva. Para a indústria, segundo ele, o grande desafio é a escassez de mão de obra qualificada, tanto na quantidade quanto na qualidade exigida. Hoje, o dinamismo da atividade industrial é um importante vetor de crescimento econômico, no entanto, diante desse desafio isso pode comprometer a capacidade de crescimento das nossas empresas no Estado.
COMÉRCIO, TRABALHO E EMPREGO
Lucas Dezordi, economista da Fecomércio, apresentou as iniciativas da entidade em parceria com o Sebrae para monitorar a intenção dos paranaenses nas compras de datas especiais como Dia das Mães, Black Friday e Natal. A força do comércio paranaense, que ocupa a 5ª posição no mercado nacional, movimentando R$ 39,7 bilhões. Em 2024, o comércio paranaense ultrapassou a média nacional, que tem sido de 3,8%, performando em 5,1%. Para 2025, o economista projeta uma desaceleração, com crescimento de 2,5%, em decorrência do aumento da taxa de juros. A taxa de desocupação está em 6,4% no Brasil e 4,0% no Paraná (3° trim. de 2024), o menor índice desde 2013, de acordo com Sandro Silva, economista do Dieese. “Apesar da melhora nos últimos anos, a qualidade das ocupações nos últimos 10 anos piorou, com aumento da precarização e manutenção da informalidade em patamar elevado”. A geração de postos de trabalho formais no Paraná cresceu 5,28% de janeiro a outubro de 2024, com a geração de 163.206 postos de trabalho, destacando os setores da construção, serviços e indústria. “Um dos grandes desafios é melhorar a qualificação das ocupações geradas, segundo o economista, principalmente, avançar na valorização dos salários e nas condições de trabalho (jornada). E, para o próximo ano, a expectativa é continuar gerando empregos, mas em patamar inferior, em virtude da desaceleração econômica prevista”, observa.
EMPRESA EXPLORA A MEMÓRIA AFETIVA
Com presença em mais de 200 lojas de supermercados do Paraná e Santa Catarina, a paranaense Família Pavê, empresa que surgiu na pandemia apostando na tradicional sobremesa de família, o Pavê, em versões gourmet, caiu no gosto do consumidor e viu o seu negócio atingir novos patamares. A receita deu certo e a marca ganhou espaço nas maiores redes supermercadistas. E, para atender à crescente demanda pelo produto e possibilitar a realização do projeto de expansão para o mercado nacional, a empresa investiu na ampliação de sua estrutura e na contratação de novos profissionais, gerando em torno de 150 empregos diretos e indiretos. Em paralelo a inauguração da nova sede, a empresa comemora o lançamento de uma Cafeteria Afetiva, com decoração que remete ao ambiente aconchegante inspirado na “casa de avó”. A marca Família Pavê, que inovou ao transformar o tradicional doce brasileiro, o pavê, em versões gourmets, tem apostado em campanhas de marketing propondo resgatar a memória afetiva dos consumidores.
DESTINO DO 13º SALÁRIO
Com prazo para pagamento da última parcela do 13º marcado para 20 de dezembro, a maior parte dos brasileiros já se programou para utilizar o dinheiro neste fim de ano. Pesquisa realizada pela Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, revela que 66% dos consumidores planejam com antecedência como aproveitar o valor recebido. Segundo o levantamento, 81% dos trabalhadores afirmam que pretendem gastar o valor total do 13º ou parte dele. O principal motivo apontado é quitar as dívidas (31%), pagar contas básicas de água, luz ou gás (28%) ou usar para viagens de férias (23%). Na região sul, 31% dos entrevistados concordaram que sempre contam com o 13º para pagamento de dívidas. “A chegada do 13º Salário permite que milhões de famílias equilibrem as finanças em um período de altos gastos, como festas, presentes, celebrações e férias”, comenta Aline Maciel, gerente da plataforma Serasa Limpa Nome. “Com organização e controle, o valor extra pode representar um respiro financeiro e a oportunidade para se livrar das pendências antes de o ano acabar”. Além dos gastos imediatos ou necessários, parte dos brasileiros pretende poupar o benefício. Entre os entrevistados, 19% declararam que planejam guardar integralmente o 13º salário. Desses, 38% têm intenção de investir o valor, enquanto 29% pretendem usá-lo para criar um fundo de emergência e 21% para compor a poupança.
INFLAÇÃO DOS PRODUTOS DE NATAL
Os presentes de Natal devem ficar mais caros este ano. Segundo boletim elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), a Inflação da Cesta de Consumo de Natal brasileira foi de 3,76% em 12 meses, a partir de dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O estudo analisou as variações de preços de produtos típicos do Natal, desde os tipos de presentes mais usuais até os ingredientes da ceia, no período de dezembro de 2023 a novembro de 2024, oferecendo um panorama do comportamento da inflação para este fim de ano. Com dados coletados nas capitais e regiões metropolitanas, a maior alta de preços nos produtos natalinos foi registrada em Belo Horizonte, com elevação 4,80%, seguida pelo Rio de Janeiro (4,33%) e Fortaleza (4,26%). As menores variações foram observadas em Recife (1,77%), Salvador (2,23%) e Porto Alegre (2,60%). No Brasil, entre os produtos que mais encareceram nos últimos 12 meses estão o limão (47,48%), a batata-inglesa (30,82%) e o azeite de oliva (28,58%). Segundo o assessor econômico da Fecomércio PR, Lucas Dezordi, fatores climáticos impactaram esses aumentos: “O período de estiagem e as queimadas em regiões produtoras afetaram significativamente a produção de limão no Brasil e de azeite de oliva na Europa, resultando em preços mais altos”, avalia. Já as maiores quedas foram observadas na cenoura (-26,08%), no tomate (-25,15%) e na cebola (-24,29%), indicando que alguns ingredientes da ceia de Natal devem ficar mais baratos esse ano.
PREÇOS NO PARANÁ SUBIRAM MAIS
No Paraná, a inflação da Cesta de Natal foi um pouco maior do que a média nacional, alcançado 3,94% no período. Na capital paranaense e Região Metropolitana, os campeões da inflação, nos últimos 12 meses, foram o azeite de oliva (32,11%), o alho (24,20%) e o leite longa vida (23,28%). Outros alimentos essenciais para a ceia natalina também estão mais onerosos, tais como carne de porco (12,60%), filé-mignon (9,19%) e frango inteiro (8,34%). Por outro lado, produtos como cebola (-27,56%), cenoura (-22,61%) e tomate (-18,66%) registraram redução de preços. Já os produtos mais presenteados durante as festas natalinas estão mais caros este ano no Paraná, entre eles livros (11,56%), calçados e acessórios (7,12%), perfumes (6,90%), chocolates (6,55%), roupas masculinas (3,18%), roupas femininas (2,84%), roupas infantis (2,02%) e brinquedos (1,38%). Em compensação, os eletroeletrônicos ficaram um pouco mais baratos, incluindo aparelhos telefônicos (-0,04%) e os eletrodomésticos (-1,97%). A decoração de Natal também está mais conta: os artigos de iluminação apresentaram deflação de 12,21% nos últimos 12 meses.
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DEPENDE DAS IFAS
Dados do Ministério da Saúde apontam que mais de 90% dos insumos farmacêuticos ativos (IFA) utilizados no Brasil são importados. Paralelamente, o setor farmacêutico se destaca como um dos pilares da economia brasileira, segundo o Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico, publicado pela Secretaria Executiva da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (SCMED). O anuário revela que a venda de medicamentos no país gerou um faturamento de R$ 142,43 bilhões em 2023. Os IFAs são as substâncias essenciais para a função terapêutica do medicamento. Apesar disso, poucas indústrias no Brasil investem na fabricação desses insumos. Uma exceção é a Specialità, empresa do grupo farmacêutico Prati-Donaduzzi, sediada em Toledo (PR). A empresa farmoquímica se dedica à pesquisa e desenvolvimento de processos produtivos para obtenção de IFAs. “Trabalhamos com uma indústria de transformação. O que entra no processo nunca é igual ao que sai”, explica o gerente da Specialità, Edison Wendler. “Aqui na Specialità, empregamos substâncias químicas simples e, por meio de reações químicas, construímos moléculas mais complexas, que são os IFAs. Produzimos, de fato, uma nova estrutura química”, detalha. O desenvolvimento de cada IFA envolve um longo processo de pesquisa e estudo, que começa em pequena escala, com reações químicas que produzem alguns gramas do insumo farmacêutico ativo. Posteriormente, o processo é escalonado para reatores com capacidades que variam de menos de um litro até algumas dezenas de litros, etapa em que o processo de fabricação e a qualidade do IFA são confirmados, antes de alcançar a produção industrial da ordem de quilogramas.

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