Bombeiros alertam para riscos em cachoeiras

DIÁRIO DO SUDOESTE (PR) | GERAL | 19/09/2020
Com a primavera, altas temperaturas começam a ser registradas no país e com isso, passeios e banhos aumentam em locais de quedas d’águas. Na região Sudoeste, são frequentes atividades de lazer na natureza, como banhos em cachoeiras, passeios em recantos onde há rios e encontros de familiares e amigos, em casas nos alagados. No entanto, apesar dessas atividades serem de diversão, é preciso ficar atento quanto a segurança nesses ambientes, pois, um pequeno descuido pode ocasionar um acidente grave — como queda de cachoeiras, afogamentos em rios e ataque de animais peçonhentos — podendo evoluir a óbito. Com o objetivo de trazer dias de como aproveitar os momentos de lazer da maneira segura, a reportagem do Diário do Sudoeste conversou com o 2º Subgrupamento de Bombeiros Independentes (SGBI) de Pato Branco, que geralmente atende as ocorrências de acidentes na natureza.

Cachoeira De acordo com o capitão e subcomandante do 2º SGBI, Genuíno Luiz Dalponte, as dicas de segurança para passeios e banhos em cachoeiras, rios e alagados são iguais, e precisam ter a mesma importância em cada um desses ambientes. No entanto, o capitão chama a atenção para os cuidados, principalmente em cachoeiras. Segundo ele, por se tratarem de quedas d’águas, é necessário que algumas medidas de segurança sejam adotadas ao frequentar o local. Entre os cuidados, o indicado para passeios em cachoeiras e áreas ao redor, é a utilização de calçados fechados que tenham uma boa aderência, o que evitará quedas. “Também nesse espaço, na parte superior, é preciso ter cuidado com as brincadeiras de querer empurrar e dar susto em amigos ou familiares.

Nesse local, todo cuidado é pouco. Brincadeira tem hora e não é em cima da cachoeira”, disse o capitão explicando que quanto maior a altura maior o risco de uma lesão grave. Além disso, Dalponte pontua a importância dos cuidados com a quantidade de água que desce pelos rios, após uma chuva. “Aqui [na região] não é característico, mas em dias de chuva o volume será maior e o risco de um acidente é muito grande, sem contar que o acesso a essa cachoeira estará com lama, tornando o ambiente mais escorregadio, o que aumenta os riscos de acidentes.” Outra questão que merece uma atenção a mais, é com relação aos saltos das cachoeiras. Conforme o comandante, antes de um mergulho é preciso se certificar se não há pedras, troncos ou galhos no local. Uso de coletes O capitão ressalta ainda a importância do uso de coletes ao andar de barco. Ele explica que, independentemente de saber ou não nadar, a pessoa precisa fazer uso do colete salva vidas. “Até o melhor nadador, quando a embarcação virar, vai bater a cabeça. Se tiver um colete pode ter uma chance de se salvar. Caso contrário, não.” Se beber, não entre na água Conforme Dalponte, ao fazer o consumo de bebida alcoólica, as pessoas devem ficar fora d’água. “A pessoa alcoolizada não reconhece o perigo. Ela fica corajosa, acha que consegue atravessar o curso d’água. A bebida alcoólica traz a falta de percepção ao risco e diminui a questão de reação [do corpo humano diante de uma situação] e ai pode acontecer um acidente”, explica. O Corpo de Bombeiros também orienta que após uma refeição a pessoa espere um tempo para realizar atividades que exijam esforços, para evitar um mal-estar que pode vir a acometer um desmaio e em sequência, afogamento. Animais peçonhentos Recentemente, o caso de uma mulher que foi atacada por uma cobra jararaca, em uma cachoeira no interior do Mato Grosso, chamou a atenção da população por dois motivos. Primeiro, porque o ataque desse tipo é raro e segundo porque a mulher sofreu com a falta de soro antiofídico na região onde estava a passeio. Segundo Dalponte, cobras jararacas não são comuns na microrregional de Pato Branco. No entanto, como os acessos a cachoeiras contam com grande vegetação, ele explica que é possível encontrar animais peçonhentos nesses ambientes. “Por isso, é preciso estar com um calçado fechado, e se possível com uma proteção, abaixo do joelho [uma calça] porque normalmente o animal vai atacar nessa parte do corpo.” Na região, conforme a enfermeira do Programa de Imunização da 7ª Regional de Saúde, Andressa Maria Kviatkovski Pipino, todos os soros antiofídicos ficam armazenados na sede da 7ª em Pato Branco. Segundo Andressa, existem armazenados soros para picadas de escorpião, aranhas, cobras jararaca, cascavel, coral verdadeira, entre outros.

Cuidado com as crianças De acordo com o capitão, indiferente do local, crianças precisam sempre ser vigiadas por um adulto, pelo alcance de um braço. “Com a criança, tem que ter a pessoa responsável. Porque se tem dez adultos para cuidar de uma criança, nenhum está cuidando. Então, tem que ter uma escala para cuidar da criança”, disse. Escolha de locais Ao escolher o local de lazer, Dalponte comenta que é necessário verificar se é um ambiente que oferece segurança. Segundo ele, em ambientes aquáticos, o Corpo de Bombeiros não possui uma legislação quanto a prevenção aquática adequada para verificar a segurança nos locais, ou seja, é proibido de realizar fiscalização. “Devemos escolher um local limpo, que não tenha pedras onde mergulharão e que tenha acesso adequado”, orienta ressaltando que não é indicado se aventurar a descobrir lugares sem auxílio de um guia. Segundo Felipe Langer, proprietário de uma empresa de turismo no Sudoeste e guia de montanha e esportes de aventura, os erros mais comuns cometidos pelas pessoas ao se aventurar na natureza, é não analisar os riscos antes de ir para algum lugar. Para ele, pe preciso levar em conta se o local tem estrutura e se é permitido a visitação. “Quando não é um local muito visitado deve-se pedir informações para quem conhece para não se perder e fazer a visitação sem segurança”, explica alertando que além de tomar os devidos cuidados para um passeio seguro, é preciso lembrar de cuidar [limpar, não deteriorar] do meio ambiente ao visitar o local.

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