Receita de tarifas e queda nos calotes impulsionam lucro da Caixa em 81,8%

Além do aumento de 25% nos ganhos com intermediações financeiras, o índice de inadimplência da instituição financeira caiu para 2,83%; despesas de pessoal, no entanto, continuam crescendo

DCI (SP) | FINANÇAS | 25/05/2017
ISABELA BOLZANI
As receitas com tarifas bancárias e a queda na inadimplência colaboraram para o aumento do lucro líquido da Caixa Econômica Federal (CEF) em 81,8% para R$ 1,488 bilhões no primeiro trimestre de 2017, ante R$ 818 milhões em igual período de 2016. O crescimento é proveniente, principalmente, da alta de 25% no resultado com intermediação financeira, de R$ 5,684 bilhões nos primeiros três meses de 2016 para R$ 7,105 bilhões no primeiro trimestre de 2017. Nesse sentido, o maior aumento foi o de 13,7% na receita com tarifas e serviços para R$ 6,019 bilhões, ante R$ 5,293 bilhões anterior, puxado pela entrada de recursos com tarifas de fundos de investimentos (+19,1%); convênio e cobrança (+17,3%) e conta corrente (+14,5%). “O caminho é fortalecer a estrutura do capital e aumentar a eficiência e a rentabilidade, além do corte de despesas. Não estamos mais com uma política de expansão crédito tão agressiva e essas medidas resolverão, com o tempo, a questão do capit a l”, explica o vice-presidente de finanças e controladoria da Ca i x a , Arno Meyer. A despeito do corte de custos, no entanto, apesar de os dados trimestrais do banco demonstrarem recuo nos gastos administrativos e operacionais de 1,8% e 7,5%, respectivamente, as despesas de pessoal aumentaram 17,2% na comparação entre os meses de janeiro a março deste ano com igual período do ano passado, de R$ 5,020 bilhões para um total de R$ 5,884 bilhões. Os executivos da Caixa, porém, destacam que o crescimento se deu pela aderência no programa de aposentadoria voluntária do banco e que, excluído tal efeitos (de R$ 560 milhões), a alta seria de 6,1%. Recuo dos atrasos Além disso, outro aspecto que impulsionou os ganhos da Caixa no primeiro trimestre foi a redução do índice de inadimplência de 3,51% no primeiro trimestre de 2016 para 2,83% em iguais três meses de 2017. O número, puxado pela queda de 6,52% para 4,71% da carteira de crédito comercial de pessoas jurídicas no período - devido tanto a maior restrição de crédito como às despesas com provisões para devedores duvidosos, que cresceu 35,8% na mesma relação, de R$ 3,809 bilhões para R$ 5,173 bilhões -, mostra uma “re s s a l va” no referente à carteira de habitação. O segmento, apesar de ter recuado 0,34 ponto percentual na mesma comparação, foi o único que teve alta nos calotes em relação ao quarto trimestre de 2016, de 1,63% para 1,99%. “A redução da inadimplência tem sido um fator preponderante para o banco, mas esse número também foi impactado por pessoas jurídicas. Muitas empresas ainda enfrentam estado de renegociação”, explica o vice-presidente de habita- ção da Caixa, Nelson de Souza. Ele reforça que o segmento de habitação - que corresponde a 57,7% do total da carteira de crédito da Caixa -, porém, já demonstra melhores resultados quanto à concessão. Os empréstimos do setor subiram 6% na comparação dos três primeiros meses de 2016 com igual período de 2017, saindo de R$ 389 bilhões para um total de R$ 413 bilhões. “Tudo está sob controle. Quando citamos que tem a ver com pessoas jurídicas é porque algumas deixaram entrar algum default, mas já estão sendo tratadas. Acompanhamos o mercado e o fato é momentâneo, a carteira já mostra c re s c i m e n t o”, completa Souza. Em valores gerais, a carteira total de crédito também demonstrou resultados na contra mão do mercado, crescendo 4,5% na relação dos 12 meses findos em março, de R$ 684 bilhões para R$ 715 bilhões. Para pessoas físicas, o aumento foi puxado pelos empréstimos consignados (linha de menor risco) que demonstrou alta de 8,4% de R$ 61 bilhões para R$ 66 bilhões. Da outra ponta, mesmo com a carteira de pessoas jurídicas mostrando certo fôlego para micro e pequenas empresas - com crescimento de 10% no período, de R$ 40 bilhões para R$ 44 bilhões - a queda de 57,7% para médias e grandes companhias, além do recuo de 4,9% nos financiamentos às grandes corporações, ainda seguraram os reflexos negativos. “As operações são analisadas com relação ao impacto no capital da Caixa. Temos grandes operações com infraestrutura, mas o mercado continua retraído como um todo e só devem crescer conforme nossa capacidade de pagamento aumente. Temos segmentos estratégicos mas a diretriz não é de redução e nem de aument o”, avalia o vice-presidente de gestão de ativos de terceiros do banco, Flávio Arakaki. Exposição ao risco Em relação aos possíveis impactos provenientes dos escândalos envolvendo a JBS, uma vez que a Caixa é um dos bancos credores com exposi- ção ao grupo, os executivos preferiram não comentar. “As operações com o grupo estão em curso normal e sem inadimplência, mas o que vai acontecer daqui pra frente não dá pra responder”, conclui o vice-presidente de finanças da Caixa, Arno Meyer.

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